Como a maioria dos
outros povos, os celtas primitivos eram animistas, dedicavam sua adoração aos
espíritos da natureza, do mar, dos rios, montanhas, etc. A adoração desses
espíritos prevaleceu ainda muito tempo depois de haver se desenvolvido culto de
divindades pessoais e, de uma forma ou de outra, continuou em cena, mesmo
depois do advento do cristianismo.
Na Irlanda, certas
árvores, como carvalho e o Fresno, eram considerados com reverência, em
especial alguns que cresciam junto aos poços sagrados e cujo corte era
proibido. Uma certa árvore é descrita como um «deus firme e forte», e a
destruição por uma tribo hostil era vista com terror.
As árvores encarnavam o
espírito da vegetação e acabaram sendo honradas como deidades. Se uma árvore
crescia sobre uma tumba, acreditava-se representar o espírito do morto. Toda
árvore que crescia junto a um poço sagrado, era sagrada também. As águas -
rios, lagos e poços— eram sagradas e tinham carácter divino ou serviam de
morada a uma divindade. Muitos rios eram consideravam sagrados por constituir a
morada de um espírito ou deusa e, ainda que não tão frequentemente, de um deus.
Nem todos os espíritos das águas eram benéficos. A natureza, às vezes era
favorável, outras, hostil.
Na Irlanda se prestava
juramento em nome de diversos entes da natureza, entre eles a lua, e tais
fenómenos naturais sofriam se tal juramento não fosse cumprido. As actividades
agrícolas começavam com a lua minguante para estimular o crescimento das
colheitas. Em algumas regiões foram encontradas provas de que se celebravam
festejos durante a lua nova.
A adoração aos animais,
que mais tarde originou divindades com formas e atributos animais, é universal
e também é vista entre os celtas. O javali aparece em muitas insígnias e sua
imagem é vista em moedas. O urso era também uma besta sagrada, e seu nome de
arlos surge com frequência em denominações de lugares como Arto-dunum ou
Artobranos. Também se adorou o cavalo, que aparece como símbolo em muitas
moedas. Adorava-se também a serpente, como em muitas outras partes do mundo. A
serpente estava relacionada com o mundo inferior e, às vezes, era representada
junto a um deus chifrudo, que poderia ser Cernunnos, a divindade do mundo inferior.
O carneiro estava relacionado com a adoração dos mortos, e com frequência se
encontram estatuetas suas nas tumbas da Galia.